Bom Dia e curta seu FDS !!!!!
A melhor escolha .
Mais um FDS chegando e que a Paz
conosco esteja independente do esforço pois muitos nem ai estão mais se
deixarmos nos levar pelos derrotistas e acomodados, com certeza, pereceremos .
Assim, os que querem viver e fazem por onde, inclusive para uma ascensão calma
mais constante, vençam, proporcionando assim serem Feliz .
A vida, ai está para ser vivida Feliz
ou Infelizmente e nós é quem determinamos o lado e doze pois temos o livre
arbítrio para a escolha do lado e doze . Por isso, torço para que sua escolha
seja a melhor não para Mim, mais sim para Você . Seja Feliz .
JB
Quando minha escolha é consciente,
nenhuma repercussão me assusta. Quando não é, qualquer comentário me balança.
José Eustáquio
Amor Virtual
Até que enfim, achei alguém que está a
fim de mim. Antes não era assim.
Convidado ou penetra estava em toda a
festa.
Olhos de pastar, e o pasto a esperar
que chegasse para comer a mais linda flor que acabou de florescer.
Desfolhava pétala por pétala, depois
atacava as sementes, que se entregavam contentes, achando que
tinham encontrado e príncipe
encantado.
Santa ingenuidade, quanta maldade? Não
era um encontro de almas com alguma afinidade, alguma
fagulha de verdade. Era mesmo um
encontro do amor quase celestial, com o amor infernal.
Margarida desfolhada, caule só, jogada
ao chão, ao sol, ao vento, ao relento.
Sem olhar para trás, seguia à procura
de outra festa, de outro pasto para me fartar.
Nem percebia que o tempo andava a me
rodear, e ria porque sabia que andava a decretar a hora da festa
acabar.
Andarilho enredado em todo o tipo de
sarilho, não criei raízes, o chão onde me abrigo é chão dos outros,
não meu.
Filhos, família, tudo soava mentira.
Vou morrer sem saber se era mentira ou verdade, formei-me na
escola da falsidade.
O tempo tinha razão, sozinho, sem nada
a que possa chamar de meu.
Aquele corpo sarado, foi ficando
deformado. O pescoço enrugado, acho que começavam ali a aparecer
os sinais de envelhecer.
Os olhos, antes saltados, agora
encubados, no lugar daquele olhar vivo, penetrante, estão as rugas a
dizer: és agora um olhar distante.
O tempo sabia que eu ia ter tempo para
ver o que andei a fazer.
Causei muita dor, deixei para trás
muita gente a sofrer. Lágrimas e ais misturadas com as minhas
pegadas.
Até pode ser que tenha deixado para
trás muitos filhos sem pais.
Mentiroso é mentiroso , uma brecha e o
mentiroso ataca outra vez.
- Que prazer te conhecer! Espera um pouco o teclado do outro lado.
- Prazer por quê? Nem sei porque
respondi. Entrei nesta sala de bate papo para encontrar o gato mais
lindo com quem ando a namorar.
- gato por gato, mais gato sou eu.
- Ah! Isso eu pago para ver.
-Quantos anos você tem? Lembrou-se
daquela primavera, que um dia foi, mas já era.
Ai! Vai começar tudo outra vez. Um..
dois.. três...
Fingia como ninguém, aprendeu com sua
tia, um pouco com sua mãe, mas a sua professora foi mesmo
aquela Marcela – “ Marcela amou-me
durante quinze meses e onze contos de réis”( Memórias Póstumas
de Bras Cubas, Machado de Assis).
Ai que delícia de lambisgóia,
Marcela... quero ser como ela. Na arte de mentir, professora, em fingir,
doutora.
-Corpo de dezoito, cabeça de oito.
- Era isso que eu andava a procurar,
te fisguei, não vou mais te soltar.
- Devagar, lembra? Eu tenho namorado.
- Já era, coitado!
Namorado, namorada nenhum deles tinha
nada. O que tinham em comum era a farsa a rir: lá estão eles
de novo a mentir. Só rindo, não
aprendem.
Mentiroso, mentirosa, o seu destino é
mentir, a mentirada que saia da algibeira, tão natural, só asneira.
Não se cansavam de mentir.
Mentiam a idade, o peso, a altura, a cor
dos olhos. Cada um acreditava nas mentiras que o outro contava.
Se ali estivesse um gato, uma gata de
verdade ia logo perceber: gato nada, os gatos de agora são outra
história. Os dois mandavam sinais de
que não tinham nada a ver com um gato
para valer.
Tão empolgados andavam nisto de
enganar que nem percebiam que mentiam.
Ou não mentiam? Deram de andar para
trás: cada um dizia o que se comia como prato do dia.
Saiu aquela pergunta, à época uma
ousadia.
- És virgem?
Sem muita alegria ela respondeu:
-Toda a mulher foi virgem um dia.
Já um gato de hoje diria: quero ficar
contigo, quero-te conhecer mais de perto. Isso se fosse um gato,
educado, esperto.
Outro mais atrevido, como quem fala
ouvido, diria: quero afogar o meu ganso no teu rio.
E continuaram na arte de enganar,
matavam saudades do tempo em que tudo aquilo eram verdades. Os
mesmos desejos, pediam os mesmos
beijos. Era verdade, só não percebiam que estavam fora da
realidade. Com as mentiras prestavam
culto ao amor antigo.
Mas nem aqui dava para confiar, os
dois eram a versão da exceção. Existir era mentir.
Cada mentira escondia a verdade que na
alma lhe ia.
Outros tempos, outras formas de aqui
estar.
Ele, um jogador de sinuca, à época um
palavrão, ninguém queria ter na família um jogador de sinuca,
Deixou escapar:
- Adoro jogar a vida fora, jogo
sinuca, como tantas outras, mais uma arapuca.
- Ah, Entendi! Conhecia bem outras
arapucas, caiu em muitas e fez outros cair junto, assim como um
defunto que não gosta de ser enterrado
sozinho, leva consigo um anjinho.
Uma boa lambisgoia, jogou muitos ao
mar, depois de lhe tirar até a boia. Nem se deu conta de que jogar
sinuca agora é outra história, Uma
inocente distração, perto das drogas, nada que jogue um jovem ao
chão.
-Estamos a nos conhecer melhor, eu
também gosto de dançar e deixou escapar mais esta: como quem
está a assobiar “Quero buzinar meu
calhambeque, bi-bi” .
- Além de jogar sinuca, de dançar e de
imitar o Rei o que mais gosta de fazer? Gosta de praia?
- Adoro, aproveito para te convidar
para um passeio pelas curvas da estrada de Santos .
- Quem sabe!.. Estou começando a
gostar do nosso papo legal.
- Agora vamos para um papo sério:
trabalho.
- Vamos combinar uma coisa: não vamos
falar de trabalho nesse quesito, tu te calas, eu me calo, não falo.
- Concordo: lambisgoia que se preza ao
trabalho dá um tiro ou despreza, nem se empenhou em fazer
aquele curso para rainha do lar, lá no
fundo já sabia que não era de casar.
- Oba! Melhorou. A praga bíblica com
ele não pegou: não se preparou para ser provedor do lar, nunca
pensou em se casar, de criança queria
distância.
O teclado do outro lado mandou risos:
total aceitação, 100% de confirmação.
-Oba, estamos nos entendendo muito
bem, quero te conhecer.
-Pode ser , acho que encontrei o gato
que passei a minha vida a procurar, deixou escapar.
- Valeu! Está vendo que gato por gato
mais gato sou eu. Vamos continuar a teclar até decidirmos deixar o
teclado de lado, quero te ver do outro
lado da telinha.
Ali estavam dois exemplares da
vadiagem de outrora, agora.
O progresso colocou-os frente a frente
numa situação muito conveniente.
Amor virtual era a utopia, o sonho que
foi um dia. Ah! Agora era verdade, acontecia.
Dois mentirosos a mentir à vontade,
sem o olhar, sem rugas na testa para os denunciar.
E continuaram por meses a fio a
desfiar mentiras. Mentiras, mentiras de outrora, caíram de moda,
evoluíram, não para melhor, só para
pior: da sinuca às drogas, da lambisgoia à Piriguete, ali estavam dois
malas, sempre por fora, distantes da
realidade de outrora e de agora.
- Então, acho que está na hora de nos
conhecermos pessoalmente.
- Concordo, também te quero ver.
Marcaram um encontro, o lugar: uma balada apagada, que antes fervia
quando chegava a rapaziada. Agora,
ultrapassada.
À hora marcada lá estavam os dois, não
para um encontro, só para ver de longe, quem era o gato, quem
era a gata. Não havia gato nenhum,
muito menos gata. Viu um senhor, meio desengonçado, olhar
atrapalhado, bem vestido, mal vestido:
coisa assim do passado.
Ele por sua vez procurava por uma gata
assanhada: saia justinha, um palmo só, pernas à mostra; um
corpetinho tão pequenino , seios de
fora.
Mas o que via era uma senhora, da sua
idade, tirou dela trinta anos, ali estava o broto de quem o Roberto Carlos
falava.
No bar antigo, só os dois e o velho
amigo. Ninguém se conhecia, mas certamente nas jovens tardes de
domingo , ali viveram muitas alegrias.
“ Velhos tempos, Belos Dias”.
Não se aproximaram, evitaram-se olhar,
não havia o que duvidar, ali estavam dois mentirosos cada um
tentando ao outro enganar. Não vou
estragar a festa, o amor virtual é o que nos resta.
Já me acostumei a ser só, gosto de
viver sozinha, vamos continuar com este amor virtual.
Deitar e rolar em cima.
Ele na cama dele, eu na minha.
Lita Moniz
Beijões e Abrações .
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